Vida Cristã
sábado, 24 de abril de 2021
domingo, 4 de junho de 2017
A quem pertence o ónus da prova: aos ateus ou aos teístas?
Por Mark Harrison
Tanto ateus como teístas estão a
avançar com uma hipótese, e como tal, ambos têm o ónus de demonstrar
que a sua hipótese está correcta. O ónus da prova é a obrigação das
partes em discussão de disponibilizar motivos suficientes em favor da
sua posição (...). O ónus da prova só existe quando qualquer uma das
partes quer convencer a outra - isto é, quando as duas posições entram
em disputa.
Algumas pessoas alegaram que "ausência de Deus"
é uma hipótese nula, e que, portanto, não exige qualquer tipo de prova.
Eu diria, no entanto, que, dado o número de pessoas que acreditam que
Deus existe, independentemente da "equipa" que defendam, claramente
existe uma disputa e como tal, não só quem quer convencer o outro tem o
ónus da prova, mas também o argumento "a minha posição não requer
qualquer tipo de prova" é falso.
Isto parece ser aceite pela maioria dos
teístas e rejeitado pela maioria dos ateus. A maior parte dos teístas,
e por motivos inerentes ao seu sistema de crenças (pelo menos no islão
e no Cristianismo), quer evangelizar o que, consequentemente, lhes
coloca na posição de ter o ónus da prova. A maior parte dos ateus, e
como consequência dos seus sistemas de crença, não sente essa
obrigação, e como tal, como eles não estão a tentar convencer ninguém
de nada, eles não têm o ónus da prova.
No entanto, existe uma minoria de ateus que, e por falta de um termo mais apropriado vou-lhes chamar de "ateus evangélicos",
adoptou a posição de que as outras pessoas deveriam ser convencidas de
que Deus não existe. Ao adoptarem esta posição, eles criam para si
mesmos o ónus da prova. Portanto, o argumento de que os teístas têm o
ónus da prova é bastante sólido. A questão prende-se, portanto, se os
"ateus evangélicos" têm ou não o ónus da prova.
Mencionei em cima que alguns alegam
que, visto que a hipótese "ausência de Deus" é uma hipótese nula, ela
não tem ónus da prova. Para examinarmos isto com uma analogia, tomemos
como exemplo um Europeu do século 16 a perguntar: "Será que cisnes
pretos existem?" Por milhares de anos, o peso das evidências parecia
estar do lado da afirmação de que todos os cisnes eram brancos.
Devido a isto, a afirmação "cisnes
pretos não existem" parecia ser uma proposição fundamentada nas
evidências à nossa disposição. Por essa altura parecia que o ónus da
prova estava do lado daqueles que alegavam que a frase "Cisnes pretos
não existem" era falsa visto que a não-existência de cisnes pretos era
"óbvia" pela ausência de evidências em favor da sua existência.
No entanto, em 1697, o "cygnus atratus"
- uma espécie de cisne preto que só existe na Austrália - foi pela
primeira vez visto por um Europeu. Consequentemente, desde a Era do
Iluminismo que a ciência se movimentou gradualmente em favor da
conclusão de que qualquer declaração que se queira que os outros
concordem tem o ónus da prova sobre si. Há, portanto, uma diferença
entre "X não existe" e "não temos evidências convincentes de X".
Existem muitos ateus que simplesmente
dizem "não temos evidências de que Deus existe". Considero esta uma
posição perfeitamente razoável [sic], e não creio que quem a defenda
tenha o ónus da prova. No entanto, os "ateus evangélicos" [aqueles que
querem convencer os outros de que Deus não existe] têm sobre si o ónus
da prova.
Fonte: http://bit.ly/2qQ0XBa
* * * * * * *
A nova definição de
"ateísmo" como uma mera "ausência de crença" é precisamente uma vá
tentativa de evitar ter que oferecer algum tipo de argumento em favor
da irracionalidade que é o ateísmo. Mas o "curioso" é que as pessoas
que dizem nada mais ter que uma "ausência de crença" são essencialmente
as mesmas que afirmam dogmaticamente que "Deus não existe". Quem já
participou em grupos de discussão com ateus sabe como eles dançam entre
estes dois pensamentos, esperando que nenhum Cristão os chame a atenção.
Basicamente eles refugiam-se de
qualquer escrutínio afirmando nada mais ter que uma "ausência de
crença" ao mesmo tempo que forçam os Cristãos a ter que disponibilizar
evidências para algo que eles estão determinados a não aceitar. Eles, tal como os evolucionistas na questão criação-vs-evolução, evitam o confronto quando sentem que podem perder, mas querem avançar com o mesmo quanto têm a fé de que podem vencer.
Mas a parte boa de se ser Cristão, para
além da paz actual e a certeza da salvação, é que todos os argumentos
que os "ateus evangélicos" levantam contra a Verdade Bíblica são
auto-refutantes visto que a capacidade humana de pensar em termos
abstractos, filsóficos e morais claramente refuta a noção de que o
homem nada mais é que um amontoada de células totalmente controlado
pelas "forças naturais".
- - -
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sábado, 24 de dezembro de 2016
Tom Holland: Eu estava errado em relação ao Cristianismo
"Demorei muito tempo para entender que os meus valores morais não são Gregos nem Romanos, totalmente, e orgulhosamente, Cristãos."
Quando eu era um rapaz, a minha educação Cristã estava a ser constantemente alvo de resistência por parte dos meus entusiasmos. Primeiro, foram os dinossauros. Lembro-me vivamente do meu choque, durante a Escola Dominical, quando abri uma Bíblia para crianças e deparei-me, logo na primeira página, com ilustrações de Adão e Eva lado a lado com um braquiossauro. Eu poderia ter seis anos, mas havia uma coisa - para arrependimento meu - que eu estava certo: nenhum ser humano havia visto um saurópode.
O facto do professor não se importar com este erro* apenas aumentou o meu sentido de raiva e de espanto. Pela primeira vez uma sombra de dúvida começou a pairar sobre a minha fé Cristã. Com o passar do tempo, esta sombra foi escurecendo cada vez mais. A minha obsessão com os dinossauros - glamorosos, ferozes e extintos - evoluiu de forma gradual para uma obsessão pelos antigos impérios. Quando eu lia a Bíblia, o meu fascínio não era tanto pelos filhos de Israel ou por Jesus e os Seus Discípulos, mas sim pelos seus adversários: os Egípcios, os Assírios, os Romanos.
Semelhantemente, embora eu continuasse a acreditar em Deus duma forma vaga, eu considerava-O infinitamente menos carismático que os meus Olimpianos favoritos: Apolo, Atena, Dionísio. Em vez de estipularem regras e classificarem os outros deuses de demónios, eles preferiam a diversão. E quando eles se comportavam de forma vaidosa, egoísta e cruel, isso apenas servia para lhes conferir o fascínio de estrelas de rock.
Quando comecei a ler Edward Gibbon e os outros grandes escritores do Iluminismo, estava mais do que pronto para aceitar a sua interpretação da História: nomeadamente, de que o triunfo do Cristianismo havia dado início a uma era de "superstição e de credulidade", e que a modernidade havia sido fundada após o renascimento dos há muito esquecidos valores clássicos.
O meu instinto infantil de pensar no Deus da Bíblia como inimigo da liberdade e da diversão foi racionalizado. A derrota do paganismo havia gerado o reinado do Ninguém, e o reinado de todos os cruzados, inquisidores e puritanos de chapéu preto que haviam servido de acólitos. O colorido e a excitação haviam sido retirados do mundo. "Venceste, Ó Galileu pálido", escreveu Swinburne, ecoando a lamentação apócrifa de Juliano o Apóstata, o último imperador pagão de Roma. "O mundo acinzentou-se devido à Tua respiração." Instintivamente, concordei.
Devido a isto, não é surpresa alguma que tenha continuado a apreciar a antiquidade clássica como o período que mais me motivou e mais me inspirou. Quando me sentei para escrever a minha primeira obra de História, "Rubicon", escolhi um tema que havia sido particularmente apreciado pelos filósofos: a era de Cícero.
O tema da minha segunda obra, "Persian Fire", foi um que até no século 21 serviu para Hollywood, tal como havia servido para Montaigne e Byron, como um arquétipo do triunfo da liberdade sobre o despotismo: as invasões Persas à Grécia.
Os anos que passei a escrever estes estudos sobre o mundo clássico - vivendo de maneira íntima na companhia de Leónidas e de Júlio César, dos Hoplitas que haviam morrido em Termopilas, e dos legionários que haviam triunfado em Alesia - serviu apenas para confirmar o meu fascínio: porque Esparta e Roma, mesmo quando sujeitas à investigação histórica mais minuciosa, não pararam de parecer possuídas pelas qualidades dum predador de topo. Elas continuaram a perseguir o meu imaginário tal como haviam feito no passado - como um tiranossauro o faz.
Mas até os carnívoros gigantescos, por mais maravilhosos que fossem, eram por natureza aterrorizadores. Quanto mais tempo eu passava imerso no estudo da antiquidade clássica, mais estranha e perturbadora eu a considerava. Os valores morais de Leónidas, cujo povo practicava uma forma de eugenia particularmente assassina, e que treinava os mais jovens a matar pela calada da noite os Untermenschen atrevidos, não eram em nada aquilo que eu considerava os meus; nem o eram os de César, que alegadamente matou 1 milhão de Gauleses e escravizou mais um milhão.
Não foram só os extremos de insensibilidade que considerei chocantes, mas também a ausência de qualquer sentido de que os pobres ou os fracos poderiam ter algum valor intrínseco. Devido a isto, o fundamento basilar do Iluminismo - que em nada devia à Fé dentro da qual a maioria das grandes figuras haviam nascido - tornou-se gradualmente indefensável.
"Todo o homem sensível," escreveu Voltaire, "todo o homem honrado, tem que ter horror à seita Cristã." Em vez de reconhecer que os seus princípios éticos poderiam dever algo ao Cristianismo, ele preferiu derivá-los duma vasta gama de fontes - não só a literatura clássica, mas também da filosofia Chinesa e dos próprios poderes racionais.
No entanto Voltaire, na sua preocupação para com os fracos e para com os oprimidos, estava marcado de forma duradoura com o selo da ética Bíblica mais do que ele se preocupava em admitir. O seu desprezo pelo Deus Cristão, e num paradoxo que certamente não existia só nele, dependia de motivações que eram, em parte, reconhecidamente Cristãs.
"Nós pregamos Cristo Crucificado", declarou São Paulo, "escândalo para os judeus e loucura para os gentios." E ele estava certo. Nada estava mais contra as mais profundas pressuposições dos contemporâneos de Paulo - Judeus, Gregos e Romanos. A noção de que um deus havia sofrido tortura e morte numa cruz era tão chocante como era repulsiva.
A familiaridade com a narrativa da Crucificação atenuou os nossos sentidos de forma a não vermos como a Divindade de Cristo era novidade. No mundo antigo, era papel dos deuses que alegavam governar o universo manter a ordem infligindo o castigo - e não sofrendo eles mesmos.
Hoje em dia, mesmo quando a fé em Deus esmorece por todo o Ocidente, os países que foram no passado conhecidos como Cristandade continuam a ter o selo da revolução com dois mil anos que o Cristianismo representa.
É por esse motivo que, de forma geral, a maior parte de nós que vive em sociedades pós-Cristãs, continua a aceitar sem questionar que é mais nobre sofrer do que infligir sofrimento.
É também por isso que assumimos de forma geral que toda a vida humana é igual em valor.
Nos meus valores morais e na minha ética, aprendi que não sou nem Grego nem Romano, mas totalmente e orgulhosamente Cristão.
Tom Holland
* * * * * * *
* Note-se como um mau entendimento da cronologia Bíblica levou Holland a colocar em causa toda a Bíbla. O facto das igrejas evitarem falar na co-existência de humanos com dinossauros, longe de fortalecer a Bíblia como alguns podem ser levados a pensar, faz exactamente o contrário.
1. Os dinossauros e a Bíblia
2. Evidências suprimidas pela "comunidade científica"
3. Mosaico de Palestrina mostra humanos com dinossauros
4. Evidências da coexistência entre humanos e dinossauros
5. Referências históricas aos dinossauros
6. Será que Marco Polo viu um dinossauro?
7. A Bíblia fala de dinossauros?
8. Os dinossauros da Papua Nova Guiné
9. Será que os nossos antepassados usaram fósseis para retratar os dinossauros?
10. Será que os Aborígenes viram dinossauros?
2. Evidências suprimidas pela "comunidade científica"
3. Mosaico de Palestrina mostra humanos com dinossauros
4. Evidências da coexistência entre humanos e dinossauros
5. Referências históricas aos dinossauros
6. Será que Marco Polo viu um dinossauro?
7. A Bíblia fala de dinossauros?
8. Os dinossauros da Papua Nova Guiné
9. Será que os nossos antepassados usaram fósseis para retratar os dinossauros?
10. Será que os Aborígenes viram dinossauros?
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domingo, 6 de novembro de 2016
Os nada nobres erros do pagão
O dono deste blogue, e em
resposta ao
meu comentário, fez alguns erros que merecem uma análise mais
alongada: Ele diz:
Note-se que isto não responde ao que eu disse. O João Nobre afirmou que "um dos motivos que levou os antigos romanos a rejeitar a seita cristã e ter horror à mesma, foi exactamente este hábito cristão de simbólicamente beber sangue e comer carne humana."
Como bom anti-Cristão que é, o João depende de retórica esquerdista para atacar o Cristianismo. O problema dos abusos de crianças dentro das igrejas é um problema sério, e grave, e que tem que ser resolvido, mas é um problema de quem não segue o que a Igreja Católica ensina em termos de sexualidade.
A Igreja Católica, tal como ensina a Bíblia, restringe a sexualidade para a união entre o marido e a sua esposa legalmente casados perante Deus. Qualquer pessoa que tem actividade sexual que se encontra fora destes limites, está a violar os mandamentos. Consequentemente, os homens homossexuais que estão a abusar os rapazes Católicos estão a agir contra os mandamentos da sua igreja, e do Cristianismo em si.
Para piorar as coisas, não se entende a raiva do João visto qiue, fora do Cristianismo, nenhuma outra ideologia é contra o homossexualismo e contra a pedofilia. Mais ainda, os Romanos que o João citou não eram propriamente aversos ao homossexualismo. Mas se calhar o problema do João não seja com o homossexualismo e com a pedofilia mas sim com os Cristãos.
Onde é que está provado que o Cristianismo é um problema? Quem "provou"? Como? Gostaria de saber.
Por isso é que a Europa Cristã avançou mais do que todas as outras civilizações do mundo. Curiosamente, os locais do mundo onde o paganismo reina, são também dos locais mais atrasados do mundo. Será que há ligação?
Jesus Cristo não e o Messias? O João não sabe que CRISTO é a variação Grega para o hebraico "Moschiac", isto é, Messias? Basicamente, o que o João está a dizer é "Jesus O MESSIAS não é O MESSIAS".
E depois dos judeus terem inventado Jesus como Messias, eles mataram-No e trataram de perseguir os Seus Discípulos desde então. Faz "sentido".
O facto dessas três religiões (distintas umas das outras) terem início no Médio Oriente, significa automaticamente que são essencialmente a mesma coisa? O facto do Cristianismo ser "obra de semitas" significa automaticamente que está errado? O João usa da mesma lógica para as coisas que você defende? Como vamos ver mais à frente, não.
Mas não é um erro crasso meter 3 religiões distintas no mesmo saco só porque (supostamente) surgiram no Médio Oriente. Ou seja, o João quer ver as suas (supostas) crenças religiosas separadas das dos outros pagãos, mas não vê problemas em unir o islão, o judaísmo e o Cristianismo por baixo da ridícula tenda "Abraamica". Se o João não consegue ver distinções entre o Cristianismo e as outras religiões, então eu também não estou na obrigação de distinguir o seu paganismo do paganismo de quem bebe sangue, copula com animais e normaliza o homossexualismo.
Eu nem falei em incesto, mas sim no bestialismo, no homossexualismo, e na pedofilia. Embora estas coisas fossem comuns e normais entre os pagãos, isto foi de certa forma colocado em cheque com a chegada da Mensagem da Cruz. Volto a dizer, a única ideologia que é contra a pedofilia é o Cristianismo. O islão aceita a pedofilia, como também o judaísmo talmudico (o que existe hoje).
*HOJE* ela é "practicada por uma ínfima parte da população" muito por culpa do Cristianismo. Se dependesse do paganismo pré-Cristão, essas coisas seriam bem mais comuns e normalizadas. E o João sabe disso.
Mas outros pagãos anti-Cristãos chegam à conclusão óbvia: se todos somos "animais", então não há mal em ter sexo com animais. Por isso é que todo o adepto de perversões sexuais odeia o Cristianismo. Mesmo aqueles que se escondem dentro das igrejas odeiam a ética sexual Bíblica (e por isso é que a rejeitam ao mesmo tempo que fingem acreditar).
Quanto à "Mensagem da Cruz", por favor, pare de acreditar nessas mentiras inventadas por judeus, pois isso é uma doutrina falsa que não conduz a lado algum.
Porque é que eu deveria parar de acreditar na Mensagem da Cruz se ela é a única que explica a nossa existência de maneira plena e satisfatória?
Moralidade
Claro que são pagãos. Eles não estão a adorar o Deus da Bíblia (embora a elite seja desproporcionalmente judaica). O João já viu os seus rituais e as suas danças? Já viu o Bohemian Grove? Há algo de Cristão e Bíblico no canibalismo, no bestialismo, na ingestão literal de sangue, nas prácticas homossexuais e pedófilas que envolvem essas elites? Tudo isso são prácticas pagãs, apoiadas pelo paganismo, e defendidas pelos pagãos satanistas.
O João bem pode tentar empurrar essas prácticas para a Bíblia usando a presença dos judeus da elite, mas o João sabe tão bem como eu (ou pelo menos deveria saber) que o livro santo do judaismo moderno não é a Bíblia, mas o diabólico Talmude.
Eu quero-lhe mostrar que se Deus não existe, a sua opinião vale tanto como a da Hillary pagã e abortista.
O que é o "bem" e "mal"? O "bem" segundo quem? O João? A Hillary? Sem Deus, não há forma *absoluta* para classificar normas morais para além das nossas opiniões pessoais.
Obrigado pela projecção. Pelo menos agora já sei que você tem medo da morte.
«Estamos a falar dos mesmos Romanos adeptos da paneleirice, da pedofilia, e do abandono das meninas recém-nascidas?»
Homossexualidade e pedofilia
sempre existiram em todas as civilizações.
Note-se que isto não responde ao que eu disse. O João Nobre afirmou que "um dos motivos que levou os antigos romanos a rejeitar a seita cristã e ter horror à mesma, foi exactamente este hábito cristão de simbólicamente beber sangue e comer carne humana."
Mas
será que a rejeição destes simbolismos por parte de quem normalizou o
homossexualismo, a pedofilia e o abandono das meninas recém-nascidas
valem alguma coisa? O facto da "homosexualidade
e pedófilia sempre existiram em todas as civilizações" anula o
facto de, moralmente, os Romanos não terem sido (pelo menos em alguns
aspectos) dignos de menção como autoridade moral?
Dito de forma directa, o que é que interessa o que os Romanos aceitavam ou deixavam de aceitar?
O João Nobre afirma:
Dito de forma directa, o que é que interessa o que os Romanos aceitavam ou deixavam de aceitar?
O João Nobre afirma:
Mas
já que pegou no assunto, o Lucas podia falar da vasta experiência que
os padres católicos têm em "papar" criancinhas e levar a cabo actos
homosexuais dentro dos seminários.
Como bom anti-Cristão que é, o João depende de retórica esquerdista para atacar o Cristianismo. O problema dos abusos de crianças dentro das igrejas é um problema sério, e grave, e que tem que ser resolvido, mas é um problema de quem não segue o que a Igreja Católica ensina em termos de sexualidade.
A Igreja Católica, tal como ensina a Bíblia, restringe a sexualidade para a união entre o marido e a sua esposa legalmente casados perante Deus. Qualquer pessoa que tem actividade sexual que se encontra fora destes limites, está a violar os mandamentos. Consequentemente, os homens homossexuais que estão a abusar os rapazes Católicos estão a agir contra os mandamentos da sua igreja, e do Cristianismo em si.
Para piorar as coisas, não se entende a raiva do João visto qiue, fora do Cristianismo, nenhuma outra ideologia é contra o homossexualismo e contra a pedofilia. Mais ainda, os Romanos que o João citou não eram propriamente aversos ao homossexualismo. Mas se calhar o problema do João não seja com o homossexualismo e com a pedofilia mas sim com os Cristãos.
É
óbvio que as religiões abraâmicas são um problema. Isso está mais do
que demonstrado e provado. Mas lá está, se insistem em acreditar no
contrário, que posso eu fazer?...
Onde é que está provado que o Cristianismo é um problema? Quem "provou"? Como? Gostaria de saber.
O
Cristianismo não fez bem nenhum, antes pelo contrário, é uma fonte de
atraso e uma religião que exige uma severa castração mental, tal é o
absurdo das crenças em que acreditam os cristãos.
Por isso é que a Europa Cristã avançou mais do que todas as outras civilizações do mundo. Curiosamente, os locais do mundo onde o paganismo reina, são também dos locais mais atrasados do mundo. Será que há ligação?
Aliás,
eu até já escrevi anteriormente sobre a impossibilidade de Jesus Cristo
ser o Messias.
Jesus Cristo não e o Messias? O João não sabe que CRISTO é a variação Grega para o hebraico "Moschiac", isto é, Messias? Basicamente, o que o João está a dizer é "Jesus O MESSIAS não é O MESSIAS".
Simplesmente
não bate certo e não encaixa com os textos judaicos. É mais do que
óbvio que Jesus é um falso profeta, inventado pelos judeus para mexer
com a cabeça dos goyim. Isto para mim é claro como água.
E depois dos judeus terem inventado Jesus como Messias, eles mataram-No e trataram de perseguir os Seus Discípulos desde então. Faz "sentido".
"Ou
seja, os Cristãos são inimigos tanto do islão como do judaísmo
maçõnico, mas as suas más obras são (também) culpa do Cristianismo."
Você ainda não entendeu que essas três religiões são produtos do Médio Oriente e como tal, trazem agarradas a si o tribalismo primitivo e bárbaro que caracteriza essa região do Mundo? Ainda não percebeu que o Cristianismo é obra de semitas???
Você ainda não entendeu que essas três religiões são produtos do Médio Oriente e como tal, trazem agarradas a si o tribalismo primitivo e bárbaro que caracteriza essa região do Mundo? Ainda não percebeu que o Cristianismo é obra de semitas???
O facto dessas três religiões (distintas umas das outras) terem início no Médio Oriente, significa automaticamente que são essencialmente a mesma coisa? O facto do Cristianismo ser "obra de semitas" significa automaticamente que está errado? O João usa da mesma lógica para as coisas que você defende? Como vamos ver mais à frente, não.
Existiram
alguns cultos pagãos em que se bebeu sangue como ritual, mas isso foram
formas de Paganismo extremamente primitivas. É necessário ter em conta
que existiram na Europa dezenas de cultos pagãos, cada um deles com
tradições e regras próprias. É um erro crasso fazer uma generalização
do Paganismo e meter tudo no mesmo saco como se fosse tudo igual.
Mas não é um erro crasso meter 3 religiões distintas no mesmo saco só porque (supostamente) surgiram no Médio Oriente. Ou seja, o João quer ver as suas (supostas) crenças religiosas separadas das dos outros pagãos, mas não vê problemas em unir o islão, o judaísmo e o Cristianismo por baixo da ridícula tenda "Abraamica". Se o João não consegue ver distinções entre o Cristianismo e as outras religiões, então eu também não estou na obrigação de distinguir o seu paganismo do paganismo de quem bebe sangue, copula com animais e normaliza o homossexualismo.
Quanto
ao bestialismo e à pedofilia, sempre existiram e sempre vão existir e é
mentira que o Cristianismo tenha acabado com as mesmas, pois era
bastante comum na Idade Média e Moderna haver relações amorosas que
hoje seriam consideradas como pedofilia e o incesto era também uma
prática regular e socialmente aceite.
Eu nem falei em incesto, mas sim no bestialismo, no homossexualismo, e na pedofilia. Embora estas coisas fossem comuns e normais entre os pagãos, isto foi de certa forma colocado em cheque com a chegada da Mensagem da Cruz. Volto a dizer, a única ideologia que é contra a pedofilia é o Cristianismo. O islão aceita a pedofilia, como também o judaísmo talmudico (o que existe hoje).
"Curiosamente, os países Europeeus
onde o Crisitanismo está a bater em retirada, são os países mais
adeptos da pornografia animal."
Não entendo a sua obsessão com o bestialismo. Isso é uma tara que é praticada apenas por uma ínfima parte da população, à semelhança da Necrofilia.
Não entendo a sua obsessão com o bestialismo. Isso é uma tara que é praticada apenas por uma ínfima parte da população, à semelhança da Necrofilia.
*HOJE* ela é "practicada por uma ínfima parte da população" muito por culpa do Cristianismo. Se dependesse do paganismo pré-Cristão, essas coisas seriam bem mais comuns e normalizadas. E o João sabe disso.
"Será
que há uma ligação entre aversão ao Cristianismo e à Mensagem da Cruz
com preferência por sexo com animais?"
Olhe, eu sou avesso ao Cristianismo e posso-lhe garantir que não tenho qualquer desejo sexual por animais irracionais.
Olhe, eu sou avesso ao Cristianismo e posso-lhe garantir que não tenho qualquer desejo sexual por animais irracionais.
Mas outros pagãos anti-Cristãos chegam à conclusão óbvia: se todos somos "animais", então não há mal em ter sexo com animais. Por isso é que todo o adepto de perversões sexuais odeia o Cristianismo. Mesmo aqueles que se escondem dentro das igrejas odeiam a ética sexual Bíblica (e por isso é que a rejeitam ao mesmo tempo que fingem acreditar).
Quanto à "Mensagem da Cruz", por favor, pare de acreditar nessas mentiras inventadas por judeus, pois isso é uma doutrina falsa que não conduz a lado algum.
Porque é que eu deveria parar de acreditar na Mensagem da Cruz se ela é a única que explica a nossa existência de maneira plena e satisfatória?
Moralidade
"A
propósito, se o Deus da Bíblia não existe, qual é o seu argumento
contra o que a elite pagã que controla o mundo faz?"
Com que então a elite que controla o Mundo agora é pagã? AHAHHAHAHAHHAHAHAHHA, essa é das melhores que á ouvi. Mas OK.
Com que então a elite que controla o Mundo agora é pagã? AHAHHAHAHAHHAHAHAHHA, essa é das melhores que á ouvi. Mas OK.
Claro que são pagãos. Eles não estão a adorar o Deus da Bíblia (embora a elite seja desproporcionalmente judaica). O João já viu os seus rituais e as suas danças? Já viu o Bohemian Grove? Há algo de Cristão e Bíblico no canibalismo, no bestialismo, na ingestão literal de sangue, nas prácticas homossexuais e pedófilas que envolvem essas elites? Tudo isso são prácticas pagãs, apoiadas pelo paganismo, e defendidas pelos pagãos satanistas.
O João bem pode tentar empurrar essas prácticas para a Bíblia usando a presença dos judeus da elite, mas o João sabe tão bem como eu (ou pelo menos deveria saber) que o livro santo do judaismo moderno não é a Bíblia, mas o diabólico Talmude.
"É que sem uma âncora moral na base da
qual estabelecer em termos absoluto o que é o bem e o que é mal, tudo
que você tem são as suas opiniões pessoas."
Então e o Lucas agora quer-me convencer de que nós precisamos de sucata escrita por judeus há milhares de anos atrás, para poder ter uma "âncora moral"?
Então e o Lucas agora quer-me convencer de que nós precisamos de sucata escrita por judeus há milhares de anos atrás, para poder ter uma "âncora moral"?
Eu quero-lhe mostrar que se Deus não existe, a sua opinião vale tanto como a da Hillary pagã e abortista.
Você
é assim tão fraco que precisa de receber sermões de judeus lunáticos,
porque não sabe distinguir o bem do mal???
O que é o "bem" e "mal"? O "bem" segundo quem? O João? A Hillary? Sem Deus, não há forma *absoluta* para classificar normas morais para além das nossas opiniões pessoais.
Sabe Lucas, eu acho é que vocês
cristãos têm é um medo terrível da morte e depois dá-vos para inventar
mil e uma desculpas em favor do Cristianismo, porque precisam dessa
crença para conseguirem superar o medo de morrer. Eu sei que assim é,
porque já conheci muito cristão conservador ao longo da vida e todos
eles têm um pavor da morte que roça o anti-natural.
Obrigado pela projecção. Pelo menos agora já sei que você tem medo da morte.
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segunda-feira, 31 de outubro de 2016
As descobertas de Galileu e a reacção da Igreja Católica
Pergunta: "Porque é que a Igreja Católica olhou para as descobertas
telescópicas de Galileu em relação à Lua, que o levaram a concluir que
a Lua era imperfeita, como heréticas?"
Resposta por Tim O'Neill (medievalista ateu)
A questão é estranha visto que ela pergunta algo que nunca chegou a
acontecer. A Igreja Católica não qualificou de "heréticas" as
conclusões de Galileu em relação à Lua. De facto, a Igreja Católica
levou os seus próprios astrónomos a confirmá-las, e posteriormente
celebrou-as e honrou Galileu por isto e por outras descobertas
telescópicas. Portanto, a pergunta parece basear-se numa versão
distorcida da História, e não no conhecimento dos eventos em questão.
Galileu foi a primeira pessoa a usar o recém-inventado telescópio para
observações astronómicas, e ele começou a fazer isto no final do ano de
1609. Ele muito rapidamente fez um certo número de descobertas,
incluindo as nebulosas, as fases de Vénus, as luas de Júpiter, e o facto
da nossa Lua estar coberta com crateras e montanhas. Ele publicou estas
descobertas no seu livro de 1610 com o nome de "Siderius Nuncius" (“O
Mensageiro das Estrelas”).
O livro causou sensação porque muitas das suas descobertas contradiziam
a cosmologia Aristotélica que já era dominante há séculos, e alguns dos
filósofos recusarem-se a aceitar que as observações de Galileu fossem
genuínas, alegando que as mesmas eram um artefacto do seu telescópio.
Na verdade, esta era uma objecção potencialmente razoável por aquela
altura visto que os telescópios eram novos e ainda não eram bem
entendidos, e também variavam imenso em termos de qualidade de lente o
que, consequentemente, ocasionalmente distorciam as coisas e pareciam
exibir coisas que não estavam lá.
Ao contrário de mitos comuns em torno da atitude da Igreja em relação à
ciência daquele período, a reacção das autoridades religiosas na Itália
foi de curiosidade cautelosa. O mais respeitado astrónomo da Europa de então era o estudioso Jesuíta Cristóvão Clávio.
Ele entendeu as implicações da descoberta de Galileu, mas como um bom
cientista, antes de as levar mais em
consideração ele queria vê-las confirmadas.
Após convite do Cardeal Belarmino, Clávio instruiu um comité de
astrónomos Jesuitas do "Collegium Romanum" para construírem um
telescópio e verem se conseguiam confirmar as observações de Galileu.
Os cientistas Jesuítas Christoph Grienberger, Paolo Lembo e Odo van
Malecote fizeram isto, e depois reportaram de volta que as observações estavam
correctas. Clávio aceitou este veredicto, embora tenha mais tarde
expressado dúvidas em relação à ideia de existirem montanhas na Lua.
Longe de condená-lo por heresia, a Igreja celebrou as descobertas de
Galileu. No dia 29 de Março de 1611 Galileu chegou a Roma (proveniente
de Florença) e encontrou-se, inicialmente, com o grande patrono da
ciência, o Cardeal Francesco
del Monte. O Cardeal, que o havia ajudado a garantir as suas primeiras
palestras em Pisa e posteriormente em Pádua, ouviu com interesse
a descrição de Galileu relativa às suas descobertas astronómicas.
No dia seguinte, Galileu dirigiu-se ao "Collegium Romanum" onde se
encontrou com dois cientistas que haviam confirmado as suas
descobertas: Grienberger e
Maelcote, pessoas que Galileu salientou numa carta que estavam a
trabalhar em novas observações das luas de Júpiter "como forma de
encontrarem as suas fases de rotação". Longe de rejeitarem os seus estudos como "heréticos", estes clérigos
trabalhavam para acrescentar mais dados aos mesmos.
No dia 2 de Abril,
Galileu visitou o poderoso Cardeal Maffeo
Barberini - que se tornaria no Papa Urbano VIII - que, posteriomente,
lhe escreveu para lhe garantir todo o apoio
possível. Depois disso, Galileu visitou o Cardeal Ottavio Bandini,
que o convidou para fazer uma demonstração do seu telescópio no seu
jardim privado a membros da sua família e à fina flor da
cidade Romana. Finalmente, Galileu recebeu permissão para uma audiência
perante o Papa Paulo V no Vaticano, e escreveu mais tarde como o papa o havia honrado imenso durante o encontro.
No dia 13 de Maio os Jesuítas e os cientistas do "Collegium Romanum"
conferiram a Galileu o equivalente a uma qualificação honorária, com
Maelcote a discursar de forma elogiosa durante o banquete em honra de
Galileu - louvando as suas descobertas e incluindo a descrição da
superfície da Lua. No entanto, por deferência às contínuas dúvidas de
Clávio em relação a este tópico, Maelcote deixou em aberto a questão
dos
traços observados através do telescópico serem ou não montanhas e
crateras, ou se isto se devia "à densidade desigual e à raridade do
corpo
lunar", como acreditavam alguns cépticos. Antes de Galileu, os pontos e
os outros traços da Lua eram atribuídos às condições atmosféricas e à
ilusão de óptica. Isto devia-se parcialmente ao facto das partes
iluminadas da Lua (em todas as suas fases) serem arredondadas, sem
qualquer tipo de relevo que é o que seria de esperar se ela tivesse uma
superfície desigual.
Portanto, longe de ser condenado como herético pelas suas observações lunares, e por outras descobertas suas, uma vasta gama de
cientistas Jesuítas, o maior astrónomo de então, os três cardeais da
altura (um deles tornar-se-ia Papa), e o Papa Paulo V encontraram-se
com Galileu, expressaram um interesse enorme pelas suas descobertas,
celebraram-no e honraram-no pelas mesmas. A pergunta que dá origem ao
post não faz sentido nenhum.
Mas isto prende-se com o facto da história em torno de Galileu estar
rodeada de mitos. Obviamente, mais tarde Galileu foi condenado por
heresia, mas não devido às suas descobertas. E nem foi devido ao facto
dele usar as suas descobertas em apoio do modelo heliocêntrico de
Copérnico, algo que ele fez durante algum tempo sem que ninguém da
Igreja se mostrasse preocupado.
Galileu só começou a atrair a atenção da Igreja quando começou a tentar
interpretar partes da Bíblia à luz da sua convicção de que Copérnico
estava certo. No contexto da Contra-Reforma e da Guerra dos Trinta
Anos, com metade da Europa a batalhar em torno da ideia de que qualquer
pessoa, e todas as pessoas, poderiam interpretar a Bíblia como elas bem
quisessem, isto não caiu bem junto dos teólogos, que consideravam a
interpretação Bíblica fora do domínio dum mero matemático, por mais
celebrado que ele fosse.
A equívoco-chave mais popular em relação ao Caso de Galileu é aquele
que defende que a Igreja opunha-se à ciência, e que ela se encontrava
convencida de que a Bíblia deveria ser interpretada literalmente.
Na verdade, tal como se pode ver pelo que foi escrito em cima, a Igreja
era uma grande apoiante da ciência, e muitos dos seus estudiosos
encontravam-se na crista da onda das descobertas da altura. E a Igreja
aceitou por completo que a Bíblia poderia ser reinterpretada para
acomodar as mais recentes descobertas científicas, algo que não viu
necessidade de fazer por aquela altura visto que a larga maioria dos
cientistas ainda rejeitava o heliocentrismo por motivos meramente
científicos (...).
Mas esta visão mais nuancizada e mais fiel do Caso Galileu não se ajusta aos
preconceitos que muitas pessoas têm em relação à religião e/ou ao
Catolicismo, e a visão mais caricaturada do Caso Galileu como uma
batalha entre a "ciência" e a "religião" é uma parábola mais agradável
e mais polida. Devido a isso, obtemos respostas totalmente erradas e
distorcidas para esta (também errónea) pergunta (....).
* * * * * * *
Resumidamente, Galileu não foi condenado por ter feito descobertas
científicas, mas sim por querer forçar a sua interpretação da Bíblia
tendo como base essas descobertas. Isto leva-nos a concluir que todas
as pessoas que usam o Caso de Galileu como arma de ataque contra o
Cristianismo ou não sabem do que estão a falar, ou sabem, mas estão a
mentir.
domingo, 14 de fevereiro de 2016
O poder oculto da oração
Por Adam Hunter
"Vou orar por ti". Quantas vezes é que dissemos isto a uma pessoa a lidar com a perda ou com uma tragédia? Isto é dito com sinceridade e muitas pessoas podem testemunhar do poder da oração para a cura, para conforto, e até para reverter situações desesperadas. No entanto, para alguém com fé trémula, ou alguém sem fé, as palavras da oração podem parecer um gesto vazio.
No entanto, um artigo recente da "New York Magazine" alega outra coisa.
No texto com o título de “Even Atheists Could Benefit From Praying Every Once in a While,” a escritor Melissa Dahl discute o debate actual levantado pelos tweets de "oração" em resposta a tragédias recentes. Será que se pode provar que a oração tem efeitos tangíveis? A resposta conclusiva a esta pergunta depende do que se está a falar - aqueles que oram, ou aquilo em favor do qual se ora.
Foram feitos estudos que visavam determinar se a oração pode ter algum efeito mensurável na pessoa por que se está a orar, mas estes estudos foram, na melhor das hipóteses, inconclusivos. Dahl escreve:
Até os mais devotos muito provavelmente iriam concordar que as tentativas de se tentar aferir a eficácia a oração são, na melhor das hipóteses, complicadas, e na pior das hipóteses, uma perda de tempo.
Afinal de contas, nem todas as orações são respondidas da forma esperada. Mas, segundo Clay Routledge, professor de psicologia, e falando para a "Psychology Today", para aqueles que oram, a ciência é sólida: eles exibem um auto-controle mais elevado, menos raiva e menos stress, e são mais susceptíveis de perdoar e de confiar.
Parte disto gira em torno duma parte intrínseca da oração - reverência e humildade. Segundo estudos feitos na Universidade de Califórnia-Berkley, estar em comunhão com Alguém ou algo maior e mais poderoso do que nós - a natureza, Deus, ou as estrelas - tem estado associado a uma felicidade maior e a um bem-estar geral. Dahl cita também um estudo presente na "Emotions" que faz uma ligação entre os sentimentos de reverência e a redução de factores de risco associados a doenças coronárias e ao cancro.
Isto sugere um terceiro aspecto do poder da oração - para além do seu imensurável efeito que ela tem nos outros, e do comprovado efeito que ela tem em nós, ela prepara-nos para estar prontos para servir os outros em tempos de aflição. Afinal de contas, a oração mantém um estado de espírito positivo e dá-nos força, que nós podemos posteriormente usar quando as pessoas que amamos buscam o nosso apoio.
Se calhar a pergunta "Será que a oração funciona?" tenha que ser modificada para "De que forma é que a oração e ajuda e como é que me ajuda a ajudar as pessoas que eu amo?" Um tweet de oração não pode ser o fim dos nossos esforços.
Todos nós sabemos que a só a oração não resolve os problemas porque também temos que agir. Duma forma misteriosa, uma oração tem o efeito de nos encorajar a levar a cabo essas acções. Usem o poder que é obtido através da oração. Quer tu sejas um crente ou não, todos nós podemos separar um momento para sermos humildes e encontrarmos uma caminho através dos tempos difíceis que estão fora do nosso controlo.
sexta-feira, 29 de janeiro de 2016
Ateus estão zangados com Deus.
Por Joe Carter
Já agitei o meu punho contra carros que não pegavam, contra nuvens de chuva, e contra metereólogos incompetentes. Até já cheguei a amaldiçoar, no mesmo dia, um alternador avariado, uma sirene barulhenta e uma previsão do tempo totalmente errada. Já me zanguei com os móveis, já maldisse guardas com quem me cruzei, e até já fiquei zangado com a Gun Barrel City, Texas. Basicamente, eu já fiquei zangado com quase tudo o que podem imaginar.
Excepto unicórnios. Eu nunca fiquei zangado com unicórnios.
É bem provável que vocês também nunca tenham estado zangados com unicórnios. É possível nós ficarmos nervosos com objectos e com criaturas com e sem vida. De certa forma, nós podemos até ficar incomodados com personagens fantasiosas de livros e de sonhos. Mas criaturas tais como os unicórnios, criaturas que nós realmente acreditamos que não existem, tendem a não nos enervar. Certamente que não culpamos aos animais com um corno pelos nossos problemas.
O único grupo social que é excepcional em relação a esta regra são os ateus. Eles alegam acreditar que Deus não existe mas no entanto, e levando em conta estudos empíricos, tendem a ser as pessoas que mais zangadas estão com Deus.
Uma nova gama de estudos do "Journal of Personality and Social Psychology" apurou que os ateus e os agnósticos evidenciaram raiva contra Deus, quer seja no passado, quer seja quando eles se focaram numa imagem hipotética do que eles imaginam como Deus deve ser.
Julie Exline, psicóloga na Universidade Case Western Reserve e autora principal deste estudo mais recente, examinou outros dados em torno deste assunto e os mesmos geraram os mesmos resultados.
Exline explica que o seu interesse foi inicialmente despertado quando um estudo prévio em torno da raiva contra Deus reportou um dado contra-intuitivo: aqueles que reportaram não ter fé em Deus tinham mais ressentimento contra Ele do que os crentes.
À primeira vista, este dado parece reflectir um erro: como é que as pessoas podem ter raiva de Deus se elas não acreditam que Ele existe? Análises posteriores levadas a cabo com outro conjunto de dados revelou padrões semelhantes. Aqueles que, em relação à crença religiosa, se classificaram como "ateus/agnósticos" ou "nenhuma/incerto", reportaram mais raiva contra Deus do que aqueles que reportaram afilicação religiosa.
Exline nota que estes estudos levanta a questão se por acaso a raiva pode influenciar a crença na existência de Deus, uma ideia consistente com dados prévios extraídos das ciências sociais relativas ao "ateísmo emocional."
Estudo de eventos traumáticos sugerem a possibilidade de existir uma ligação entre o sofrimento, a raiva contra Deus, e dúvidas em relação à Sua existência. Segundo Cook e Wimberly (1983), 33% dos pais que sofreram a morte dum filho reportaram dúvidas em relação a Deus no primeiro ano da sua perda.
Noutro estudo, 90% das mães que haviam tido um filho com problemas profundos de deficiência cognitiva vocalizaram dúvidas em relação à existência de Deus (Childs, 1985). A nossa pesquisa levada a cabo junto de estudantes universitários focou-se directamente na associação entre a raiva contra Deus e a auto-reportada queda na crença (Exline et al., 2004). Depois de se atravessarem momentos negativos na vida, a raiva contra Deus pavimentou o caminho para uma redução na crença na existência de Deus.
O dado mais surpreendente foi o que quando Exline analisou as pessoas que reportaram uma queda na crença religiosa, a sua fé era menos susceptível de ser recuperada se a raiva contra Deus havia sido a causa da perda da fé. Dito de outra forma, a raiva contra Deus não só leva as pessoas ao ateísmo, como lhes dá um motivo para se agarrarem à descrença.
Eu já avancei, em outros lugares, que, segundo a tradição Cristã, o ateísmo é uma forma auto-imposta de disfunção intelectual, uma falta de virtude epistémica, ou (para usar um termo usado pelos meus amigos Católicos) um caso de ignorância vencível.
A ignorância vencível é a supressão intencional de conhecimento que está dentro da área de controle da pessoa e que, como consequência do qual, ela responde perante Deus. Em Romanos, São Paulo é claro ao afirmar que o ateísmo é um caso de ignorância vencível:
Porque as Suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o Seu eterno Poder, como a Sua Divindade, se entendem, e claramente se vêem, pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inexcusáveis. Romanos 1:20
Aceitar a existência de Deus é apenas o princípio: nós temos também que reconhecer vários dos Seus Atributos Divinos. Os ateus que negam isto estão, tal como disse São Paulo, inexcusáveis. Eles estão vincivelmente ignorantes.
No entanto, mesmo que reconheçamos este facto, isto não significa que a causa da disfunção auto-imposta esteja entendida.
Embora eu acredite firmemente que todas as formas de ateísmo são casos tanto de ignorância vencível como de obstinação da vontade, eu por vezes assumi, erradamente, que isso era puramente intelectual - um assunto da mente e não do coração. Só mais recentemente é que comecei a analisar como muita da resposta à dor e ao sofrimento podem empurrar a pessoa para a visão do mundo ateísta.
Muitos pastores e padres olharão para a minha epifania como um pensamento óbvio e tardio, mas eu tenho a suspeição de que não sou o único apologista amador que se encontrava cego perante esta verdade. Como regra geral, nós que nos encontramos na apologética Cristã preferimos o filosófico e não o pastoral, a estrutura sólida dos argumentos lógicos em vez da emoção humana.
É frequente nós preferirmos a resposta perspicaz (que invalida o problema do mal) do que a empatia paciente (que consola os ateus e lhes mostra que também nós estamos perplexos com o sofrimento).
Claro que muitos ateus procedem negando a existência de Deus tendo como base apenas as justificações racionais. E é por isso que as abordagens evidencialistas e filosóficas serão sempre necessárias. Mas começo a suspeitar que o ateísmo emocional seja muito mais comum do que muitas pessoas pensam.
Precisamos duma nova abordagem apologética que leva em conta que a dor comum bem como os sofrimentos da vida afastam mais as pessoas de Deus do que livrarias cheias de livros anti-teístas. Ao só nos focarmos nas palavras enfurecidas dos Novos Ateus podemos ficar cegos em relação à raiva e ao sofrimento que está a acrescentar mais descrentes às suas fileiras.
* * * * * * *
A raiva é um veneno tão poderoso que pode afastar a criatura do Seu Criador, e fazer com que ela passe toda a eternidade arrependida. Por isso é que em Hebreus 12:15 o Espírito Santo ordena:
Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem.
Estes estudos científicos confirmam o que muitos apologistas já tinham notado: os argumentos da militância ateísta contra Deus são, essencialmente, argumentos emotivos e não argumentos que têm uma base racional e empírica.
Fontes:
1. Dr. Sanjay Gupta, “ Anger at God common, even among atheists - http://cnn.it/1Oshkbb
2. Julie Juola Exline and Alyce Martin, ” Anger Toward God: New Frontier in Forgiveness Research - http://bit.ly/1RipEuF
3. Joe Carter, Do Tummy Aches Disprove God? - http://bit.ly/1IKDO6J
quarta-feira, 20 de janeiro de 2016
Os Filósofos de Deus e o mito da "Idade das Trevas"
Por Tim O'Neill
O
meu interesse pela ciência Medieval foi largamente estimulado por um
livro. Por volta de 1991, quando eu era um aluno de pós-graduação
empobrecido e frequentemente esfomeado na Universidade da Tasmânia, dei
com uma cópia do livro de Robert T. Gunther com o título de "Astrolabes
of the World" - 598 páginas-fólio de astrolábios islâmicos, Medievais e
Renascentistas meticulosamente catalogados, cheio de fotos, diagramas e
listas estreladas, bem como uma vasta gama de outro tipo de informação.
Dei
com ele, e de forma bem apropriada e não incidental, nos "Astrolabe
Books" de Michael Sprod - no piso de cima de um dos lindos e antigos
armazéns de arenito que se encontram alinhados num lugar com o nome de
"Salamanca Place" (...). Infelizmente, o livro custava $200, o que por
aquela altura era o equivalente ao que eu tinha para gastar durante o
mês inteiro.
Mas
o Michael já estava habituado a vender livros a estudantes
empobrecidos, e devido a isso, não almocei e fiz um adiantamento de $10
e, durante vários meses, regressava todas as semanas para dar o mais
que podia até que eventualmente consegui levá-lo para casa, embrulhado
em papel castanho duma forma que só as livrarias Hobart se preocupam em
fazer. Há poucos prazeres mais gratificantes do que aquele em que se
tem nas mãos o livro que há já muito tempo se quer ler.
Tive outra experiência igualmente gratificante quando, há algumas semanas atrás, recebi uma cópia do livro de James Hannam com o título de "God's Philosophers: How the Medieval World Laid the Foundations of Modern Science" ["Os Filósofos de Deus: Como o Mundo Medieval Estabeleceu os Fundamentos da Ciência Moderna"].
Há
já alguns anos que brinco com a ideia de criar um site dedicado à
ciência e à tecnologia Medieval como forma de tornar públicas as mais
recentes pesquisas em torno do tópico, e também para refutar os mitos
preconceituosos que caracterizam esse período como uma Idade das Trevas
repleta de superstição irracional. Felizmente, hoje posso riscar essa
tarefa da minha lista porque o suberbo livro de Hannam fez esse
trabalho por mim, e em grande estilo.
A Idade das Trevas Cristã e Outros Mitos Histéricos
Um
do riscos ocupacionais de se ser um ateu e um humanista secular que
divaga por fórums de discussão é o de encontrar níveis assombrosos de
ignorância histórica. Gosto de me consolar com a ideia de que muitas
das pessoas que se encontram em tais fórums adoptaram o ateísmo através
do estudo da ciência, e como tal, mesmo que essas pessoas tenham
conhecimentos avançados em áreas tais como a geologia e a biologia, o
seu conhecimento histórico encontra-se parado no nível secundário.
Geralmente, eu costumo agir assim porque a alternativa é admitir que o
entendimento histórico médio da pessoa comum, e a forma como a História
é estudada, é tão frágil que se torna deprimente.
Logo,
para além de ventilações regulares de mitos cabeludos tais como o da
Bíblia ter sido organizada no Concílio de Niceia, ou do enfadonho
disparate cibernético de que "Jesus nunca existiu!", ou também do facto
de pessoas inteligentes estarem a propagar alegações pseudo-históricas
que fariam com que até Dan Brown suspirasse com escárnio, o mito de que
a Igreja Católica causou a Idade das Trevas, e que o Período Medieval
foi um vazio científico, é regularmente empurrado com um
carrinho-de-mão ferrugento para a linha da frente como forma de o expor
por toda a arena.
O
mito diz que os Gregos e os Romanos eram sábios e pessoas racionais que
amavam a ciência, e que estavam à beira de fazer todo o tipo de coisas
maravilhosas (normalmente, a invenção de máquinas a vapor de grande
porte é inocentemente invocada) até que o Cristianismo chegou. O
Cristianismo baniu, então, todo o conhecimento e todo o pensamento
racional, e inaugurou a Idade ds Trevas.
Durante
este periodo, diz o mito, a teocracia com punho de ferro, apoiada pela
Inquisição ao estilo da Gestapo, impediu que fosse feita qualquer
actividade científica, ou qualquer actividade de investigação, até que
Leonardo da Vinci inventou a inteligência e o Renascimento nos salvou a
todos das trevas Medievais.
As manifestações cibernéticas desta ideia curiosamente pitoresca, mas aparentemente infatigável, variam de quase atabalhoadas a totalmente chocantes, mas a ideia continua a ser uma daquelas coisas que "toda a gente sabe", e que permeia a cultura moderna.
Um episódio recente da série "Family Guy" exibiu
o Stewie e o Brian a entrar num mundo alternativo futurista onde,
foi-nos dito, as coisas eram avançadas desse modo porque o Cristianismo
não havia destruído o conhecimento, dado início à Idade das Trevas, e
impedido o desenvolvimento da ciência. Os escritores não sentiram a
necessidade de explicar o significado das palavras de Stewie porque
assumiram que toda a gente sabia.
Cerca
de uma vez a cada 3 ou 4 meses em fórums tais como RichardDawkins.Net
temos algumas discussões onde sempre aparece alguém a invocar a "Tese do Conflicto".
Isso evolui para o normal ritual onde a Idade Média é retratada como um
deserto intelectual onde a humanidade se encontrava algemada pela
superstição e oprimida pelos cacarejadores asseclas da Velha e Maligna
Igreja Católica.
Os
velhos estandartes são apresentados na altura certa: Giordano Bruno é
apresentado como um mártir da ciência, nobre e sábio, e não como o irritante místico "Nova Era" que ele era.
Hipatia é apresentada como outra mártir deste tipo, e a mitológica
destruição da Grande Biblioteca de Alexandria é falada num tom
silencioso, apesar de ambas estas ideias serem totalmente falsas.
O
incidente em torno de Galileu é apresentado como evidência dum
cientista destemido a opor-se ao obscurantismo científico da Igreja,
apesar do incidente ter tanto a ver com a ciência como com as
Escrituras. E, como é normal, aparece sempre alguém a exibir um gráfico
(ver mais embaixo), que eu dei o nome de "A Coisa Mais Errada de Sempre da Internet",
e a mostrá-lo triunfalmente como se o mesmo fosse prova de algo que não
do facto da maior parte das pessoas serem totalmente ignorantes da
História, e incapazes de ver que algo como "Avanço Científico" nunca
pode ser quantificado, e muito menos pode ser representado visualmente
num gráfico.
Não
é difícil pontapear este disparate e reduzi-lo a nada, especialmente
porque as pessoas que o apresentam não só não sabem quase nada de
História, como também tudo o que fazem é repetir ideias estranhas como
esta que eles viram em sites e livros populares. Estas alegações entram
em colapso mal tu as atacas com evidências sólidas.
Eu gosto de embaraçar por completo estes propagadores perguntando-lhes que me apresentem um - um só - cientista que foi queimado, perseguido, ou oprimido durante a Idade Média por motivos científicos.
Eles são incapazes de me apresentar um único nome. Normalmente, eles
tentam forçar Galileu de volta à Idade Média, o que é engraçado visto
que ele foi contemporâneo de Descartes.
Quando lhes é perguntado o porquê deles serem incapazes de apresentar um único nome dum cientista que tenha sofrido por motivos científicos,
visto que aparentemente a Igreja esta ocupada a oprimi-los, eles
normalmente alegam que a Velha e Maligna Igreja fez um trabalho tão bom
a oprimi-los que todas as pessoas passaram a ter medo de fazer ciência.
Quando eu lhes apresento uma lista de cientistas da Idade Média - tais como Albertus Magnus, Robert Grosseteste, Roger Bacon, John Peckham, Duns Scotus, Thomas Bradwardine, Walter Burley, William Heytesbury, Richard Swineshead, John Dumbleton, Richard de Wallingford, Nicholas Oresme, Jean Buridan e Nicolau of Cusa -
e lhes pergunto o porquê destes homens levarem a cabo a sua actividade
científica durante a Idade Média alegremente e sem terem sofrido
qualquer tipo de interferência por parte da Igreja, os meus adversários
frequentemente coçam as cabeças confusos sobre o que foi que correu mal.
A Origem dos Mitos
A forma como os mitos que deram origem "A Coisa Mais Errada de Sempre da Internet" surgiram
encontra-se bem documentada em vários livros em torno da história da
ciência. Mas Hannam inteligentemente lida com eles nas páginas iniciais
do seu livro visto que seria provável que eles viessem a formar uma
base que levasse muitos leitores do público geral a olhar com suspeição
para a ideia dos fundamentos Medievais da ciência moderna.
Uma
melange purulenta envolvendo a intolerância do Iluminismo, os ataques
anti-papistas feitos por Protestantes, o anti-clericalismo Francês, e a
arrogância Classicista, levou a que o período Medieval ficasse
caracterizado como uma era de atraso e superstição - o oposto do que a pessoa comum associa com a ciência e com a razão.
Hannam não só mostra como polemistas tais como Thomas Huxley, John William Draper, e Andrew Dickson White -
todos eles com o seu preconceito anti-Cristão - conseguiram moldar a
ainda presente ideia de que a Idade Média foi uma era vazia de ciência
e de conhecimento racional, como revela que só quando historiadores no
verdadeiro sentido do termo se incomodaram em colocar em causa os
polemistas através das obras de pioneiros na área, tais como Pierre Duhem, Lynn Thorndike, e o autor do meu livro sobre o astrolábio, Robert T. Gunther, que as distorções dos preconceituosos começaram a ser corrigidas através pesquisas fiáveis e vazias de preconceito .
Esse trabalho foi agora completado pela mais recente gama de modernos historiadores da ciência tais como David C. Lindberg, Ronald Numbers, e Edward Grant.
Na esfera académica pelo menos a "Tese do Conflicto" duma guerra
histórica entre a ciência e a teologia há muito que foi colocada à
parte.
É,
portanto, estranho que tantos dos meus amigos ateus se agarrem de forma
tão desesperada a uma posição há muito morta que só foi mantida por
polemistas amadores do século 19, em vez de se agarrarem às pesquisas
apuradas levadas a cabo por historiadores objectivos e actuais,
e que cujas obras foram alvo de revisão por pares. Este comportamento é
estranho especialmente quando o mesmo é levado a cabo por pessoas que
se intitulam de "racionalistas".
Falando
em racionalismo, o ponto crucial que o mito obscurece é precisamente o
quão racional a pesquisa intelectual foi durante a Idade Média. Embora
escritores tais como Charles Freeman continuem
a alegar que o Cristianismo matou o uso da razão, a realidade dos
factos é que graças ao encorajamento de pessoas tais como Clemente de
Alexandria e Agostinho em favor do uso da filosofia dos pagãos, e das
traduções das obras de lógica de Aristóteles, e de outros feitas, por
Boécio, a investigação racional foi uma das jóias intelectuais que
sobreviveu ao colapso catastrófico do Império Romano do Ocidente, e foi
preservada durante a assim-chamada Idade das Trevas.
O soberbo livro God and Reason in the Middle Ages de
Edward Grant detalha precisamente isto com um vigor característico, mas
nos seus primeiros 4 capítulos Hannam faz um bom resumo deste
elemento-chave. O que torna a versão histórica de Hannam mais acessível
do que a de Grant é que ele conta-a através das vidas das pessoas-chave
da altura - Gerbert de Aurillac, Anselmo, Guilherme de Conches,
Adelardo de Bath, etc.
Algumas
das pessoas que fizeram uma avaliação [inglês: "review] do livro de
Hannam qualificaram esta abordagem de um bocado confusa dado que o
enorme volume de nomes e mini-biografias podem fazer com que as pessoas
sintam que estão a aprender um bocado sobre um vasto número de pessoas.
Mas dada amplitude do tópico de Hannam, isto é francamente inevitável e
a abordagem semi-biográfica é claramente mais acessível que a pesada e
abstracta análise da evolução do pensamento Medieval.
Hannam
disponibiliza também um excelente resumo da Renascimento do Século 12
que, contrariando a percepção popular e contrariando "o Mito", foi
efectivamente o período durante o qual o conhecimento antigo invadiu a
Europa Ocidental. Longe de ter sido resistido pela Igreja, foram os
homens da Igreja que buscaram este conhecimento junto dos muçulmanos e
das Judeus da Espanha e da Sicília.
E longe de ter sido resistido e banido pela Igreja, o conhecimento foi absorvido e usado para formar a base do
programa de estudo dessa outra grande contribuição Medieval para o
mundo: as universidades que começavam a aparecer um pouco por todo o
mundo Cristão.
Deus e a Razão
O
encapsulamento da razão no centro da pesquisa, combinada com o influxo
do "novo" conhecimento Grego e Árabe, deu início a uma autêntica
explosão de actividade intelectual na Europa, começando no Século 12 e
avançando por aí em adiante. Foi como se o estímulo súbito de novas
perspectivas e as novas formas de olhar para o mundo tenham caído em
terreno fértil numa Europa que, pela primeira vez em séculos,
encontrava-se em paz relativa, era próspera, olhava para o exterior, e
era genuinamente curiosa.
Isto
não significa que as forças mais conservadoras e reaccionárias não
tenham tido dúvidas em relação às novas áreas de pesquisa,
especialmente em relação à forma como a filosofia e a especulação em
torno do mundo natural e em torno do cosmos poderia afectar a teologia
aceite. Hannam é cuidadoso para não fingir que não houve qualquer tipo
de resistência ao florescimento do novo pensamento e da investigação,
mas, ao contrário dos perpetuadores "do Mito", ele leva em consideração
essa resistência mas não a apresenta como tudo o que há para saber
sobre esse período.
De
facto, os esforços dos conservadores e dos reaccionários eram
normalmente acções de retaguarda e foram em quase todas as instâncias
infrutíferas nas suas tentativas de limitar a inevitável inundação de
ideias que começou a jorrar das universidades. Mal ela começou, ela foi
literalmente imparável.
De
facto, alguns dos esforços dos teólogos de colocar alguns limites ao
que poderia e não poderia ser aceite através do "novo conhecimento",
geraram como consequência o estímulo da investigação, e não a sua
constrição.
As "Condenações de 1277"
tentaram afirmar algumas coisas que não poderiam ser declaradas como
"filosoficamente verdadeiras", particularmente aquelas coisas que
colocavam limites à Omnipotência Divina. Isto teve o interessante
efeito de mostrar que Aristóteles havia, de facto feito alguns erros
graves - algo que Tomás de Aquinas havia colocado ênfase na sua altamente influente Summa Theologiae:
As condenações e a Summa Theologiae de
Aquinas haviam gerado um enquadramento dentro do qual os filósofos
naturais poderiam prosseguir os seus estudos em segurança, e esse
enquadramento havia estabelecido o princípio de que Deus havia
decretado as leis naturais mas que Ele não Se encontrava limitado pelas
mesmas. Finalmente, esse enquadramento declarou que Aristóteles esteve
por vezes errado. O mundo não era "eterno segundo a razão" e "finito segundo a fé". O mundo não era eterno. Ponto final.
E se Aristóteles poderia estar errado em algo que ele considerava certamente certo, isso colocava em dúvida toda a
sua filosofia. Estava assim aberto o caminho para que os filósofos
naturais da Idade Média avançassem de forma mais firme para além das
façanhas dos Gregos. (Hannam, pp 104-105)
E
foi exactamente isso que eles passaram a fazer. Longe de ser uma era
sombria e estagnada, tal como o foi a primeira metade do Período
Medieval (500-1000), o periodo que vai desde o ano 1000 até ao ano 1500
é, na verdade, o mais impressionante florescimento da pesquisa e da
investigação científica desde o tempo dos antigos Gregos, deixando
muito para trás as Eras Helénicas e Romanas em todos os aspectos.
Com
Occam e Duns Scotus a avançarem com a abordagem crítica aos trabalhos
de Aristóteles para além da abordagem mais cautelosa de Aquinas, estava
aberto o caminho para que os cientistas Medievais dos Séculos 14 e 15
questionassem, examinassem e testassem as perspectivas que os
tradutores dos Séculos 12 e 13 lhes haviam dado, e isto com efeitos
surpreendentes:
Durante
o século 14, os pensadores medievais começaram a reparar que havia algo
seriamente errado em todos os aspectos da filosofia Natural de
Aristóteles, e não só naqueles aspectos que contradiziam directamente a
Fé Cristã. Havia chegado o momento em que os estudiosos medievais
seriam capazes de começar a sua busca como forma de avançar o
conhecimento......enveredando por novas direcções que nem os Gregos
e nem os Árabes haviam explorado. O
seu primeiro avanço foi o de combinar as duas disciplinas da matemática
e da físicas duma forma que não havia sido feita no passado. (Hannam p. 174)
A
história deste avanço, e os espantosos estudiosos de Oxford que o
levaram a cabo e, desde logo, lançaram as bases da ciência genuína - os
"Calculadores de Merton" - muito provavelmente merece um livro
separado, mas o relato de Hannam certamente que lhes faz justiça e é
uma secção fascinante da sua obra.
Os nomes destes pioneiros do método científico - Thomas Bradwardine, William Heytesbury, John Dumbleton e
o deliciosamente nomeado Richard Swineshead - merecem ser conhecidos.
Infelizmente, a obscurecedora sombra "do Mito" significa que eles
continuam a ser ignorados ou desvalorizados até mesmo em histórias da
ciência recentes e populares. O resumo de Bradwardine do
discernimento-chave que estes homens trouxeram para a ciência é uma das
citações mais importantes da ciência inicial e ela merece ser
reconhecida como tal:
[A
matemática] é a reveladora da verdade genuína.....quem quer que tenha o
descaramento de estudar a física ao mesmo tempo que negligencia a
matemática, tem que saber desde o princípio que nunca entrará pelos
portais da sabedoria. (Citado por Hannam, p. 176)
Estes
homens não só foram os primeiros a aplicar de forma genuína a
matemática à física, como desenvolveram funções logarítmicas 300 anos
antes de John Napier, e o Teorema da Velocidade Média 200 anos antes de
Galileu. O facto de Napier e Galileu serem creditados por terem
descoberto coisas que os estudiosos Medievais já haviam desenvolvido é
mais um indicador da forma como "o Mito" tem distorcido a nossa
percepção da história da ciência.
Semelhantemente, a física e a astronomia de Jean Buridan e de Nicholas Oresme eram
radicais e profundas, mas de modo geral, desconhecidas para o leitor
comum. Buridan foi um dos primeiros a comparar os movimentos do cosmos
com os movimentos daquela que é outra inovação Medieval: o relógio. A
imagem dum universo a operar como um relógio, imagem essa que passou a
ser usada com sucesso pelos cientistas até aos dias de hoje, começou na
Idade Média.
E
as especulações de Oresme em relação a uma Terra em rotação mostra que
os estudiosos Medievais alegremente contemplavam ideias que (para eles)
eram razoalmente estranhas como forma de ver se funcionariam; Oresme
descobriu que esta ideia em especial na verdade funcionava muito bem.
Dificilmente
estes homens eram o resultado duma "idade das trevas" e as suas
carreiras estão conspicuamente livres de qualquer tipo de Inquisidores
e de ameaças de queimas tão amadas e sinistramente imaginadas pelos
fervorosos proponentes "do Mito".
Galileu, Inevitavelmente.
Tal
como dito em cima, nenhuma manifestação "do Mito" está completa se que
o Incidente de Galileu seja mencionado. Os proponentes da ideia de que
durante a Idade Média a Igreja sufocou a ciência e a racionalidade têm
que empurrá-lo para a linha da frente visto que, sem ele, eles não têm
exemplos da Igreja a perseguir alguém por motivos relacionados à
pesquisa do mundo natural.
A
ideia comum de que Galileu foi perseguido por estar certo em relação ao
heliocentrismo é uma total simplificação dum assunto complexo, e um que
ignora o facto do principal problema de Galileu não ser só que as suas
ideias estavam em desacordo com a interpretação das Escrituras, mas também em desacordo com a ciência dos seus dias.
Ao
contrário da forma como este assunto é normalmente caracterizado, nos
dias de Galileu o ponto principal era o facto das objecções científicas
ao heliocentrismo ainda serem suficientemente poderosas para impedirem
a sua aceitação.
Em 1616 o Cardeal Bellarmine deixou bem claro para Galileu que se aquelas objecções científicas pudessem
ser superadas, então as Escrituras poderiam e deveriam ser
reinterpretadas. Mas enquanto essas objecções se mantivessem, a Igreja,
compreensivelmente, dificilmente iria derrubar séculos de exegese em
favor duma teoria errónea. Galileu concordou em só ensinar o
heliocentrismo como um dispositivo de cálculo teórico, mas depois mudou
de ideia e, num estilo típico, ensinou-a como um facto. Isto causou a
que em 1633 ele fosse acusado pela Inquisição.
Hannam
disponibiliza o contexto para tudo isto com detalhe adequado numa
secção do livro que também explica a forma como o Humanismo do
"Renascimento" causou a que uma nova vaga de estudiosos não só tenha
buscado formas de idolatrar os antigos, mas também formas de voltar as
costas às façanhas de estudiosos mais recentes tais como Duns Scotus,
Bardwardine, Buridan, e Orseme.
Consequentemente,
muitas das suas descobertas e muitos dos seus avanços ou foram
ignorados, ou foram esquecidos (só para serem redescobertos
independentemente), ou foram desprezados mas silenciosamente
apropriados. O caso de Galileu usar o trabalho dos estudiosos Medievais
sem reconhecimento é suficientemente condenador.
Na
sua ânsia de rejeitar a "dialéctica" Medieval e emular os Gregos e os
Romanos - que, curiosamente, e de muitas formas, fez do "Renascimento"
um movimento conservador e retrógrado - eles rejeitaram
desenvolvimentos e avanços genuínos dos estudiosos Medievais. Que um
pensador do calibre Duns Scotus se tenha tornado primordialmente
conhecido como a etimologia da palavra "dunce" é profundamente irónico.
Por
melhor que seja a parte final do livro, e por mais valiosa que seja a
análise razoavelmente detalhada das realidades em torno do Incidente de
Galileu, tenho que dizer que os últimos 4 ou 5 capítulos do livro de
Hannam passam a ideia de terem falado de coisas que eram demasiado complicadas
de se "digerir". Eu fui capaz de seguir o seu argumento facilmente, mas
eu estou bem familiarizado com o material e com o argumento que ele
está a avançar.
Acredito
que para aqueles com esta ideia do "Renascimento", e para aqueles com a
ideia de que Galileu nada mais era que um mártir perseguido da ciência
e um génio, a parte final do livro pode avançar duma forma demasiado
rápida para eles entenderem. Afinal de contas, os mitos têm uma inércia
muito pesada.
Pelo
menos uma pessoa que reviu o livro parece ter achado o peso dessa
inércia demasiado dura para resistir, embora seja provável que ela
tenha a sua própria bagagem para carregar. Nina Power, escrevendo para a revista New Humanist, certamente que parece ter tido alguns problemas em deixar de parte a ideia da Igreja a perseguir os cientistas Medievais:
Só
porque a perseguição não era tão má como poderia ter sido, e só porque
alguns pensadores não eram as pessoas mais simpáticas do mundo, isso
não significa que interferir no seu trabalho ou banir os seus livros
era justificável nessa altura ou que seja justificável nos dias de hoje.
Bem, ninguém disse que era justificável; explicar como é que ela surgiu, e o porquê dela não ter sido
tão extensa como as pessoas pensam, e como ela não teve a natureza que
as pessoas pensam que teve, não é "justificar" nada, mas sim corrigir
um mal-entendido pseudo-histórico.
Dito isto, Power tem algo que parece ser a razão quando salienta que "A
caracterização de Hannam dos pensadores [do Renascimento] como
'reaccionários incorrigíveis' que 'quase conseguiram destruir 300 anos
de progresso na filosofia natural' está em oposição com a sua
caracterização mais cuidada daqueles que vieram antes." No entanto, isto não é porque a caracterização está errada, mas sim porque a dimensão e a extensão
do livro realmente não lhe dão espaço para fazer justiça a esta ideia
razoavelmente complexa, e, para muitos, radical. (...)
Deixando
isso de parte, este é um livro maravilhoso, e um antídoto acessível e
brilhante contra "o Mito". Ele deveria estar na lista de Natal de
qualquer Medievalista, estudioso da história da ciência, ou de qualquer
pessoa que tem um amigo equivocado que ainda pensa que as luzes da
Idade Média eram acesas queimando cientistas.
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