Por Mark Harrison
Tanto ateus como teístas estão a
avançar com uma hipótese, e como tal, ambos têm o ónus de demonstrar
que a sua hipótese está correcta. O ónus da prova é a obrigação das
partes em discussão de disponibilizar motivos suficientes em favor da
sua posição (...). O ónus da prova só existe quando qualquer uma das
partes quer convencer a outra - isto é, quando as duas posições entram
em disputa.
Algumas pessoas alegaram que "ausência de Deus"
é uma hipótese nula, e que, portanto, não exige qualquer tipo de prova.
Eu diria, no entanto, que, dado o número de pessoas que acreditam que
Deus existe, independentemente da "equipa" que defendam, claramente
existe uma disputa e como tal, não só quem quer convencer o outro tem o
ónus da prova, mas também o argumento "a minha posição não requer
qualquer tipo de prova" é falso.
Isto parece ser aceite pela maioria dos
teístas e rejeitado pela maioria dos ateus. A maior parte dos teístas,
e por motivos inerentes ao seu sistema de crenças (pelo menos no islão
e no Cristianismo), quer evangelizar o que, consequentemente, lhes
coloca na posição de ter o ónus da prova. A maior parte dos ateus, e
como consequência dos seus sistemas de crença, não sente essa
obrigação, e como tal, como eles não estão a tentar convencer ninguém
de nada, eles não têm o ónus da prova.
No entanto, existe uma minoria de ateus que, e por falta de um termo mais apropriado vou-lhes chamar de "ateus evangélicos",
adoptou a posição de que as outras pessoas deveriam ser convencidas de
que Deus não existe. Ao adoptarem esta posição, eles criam para si
mesmos o ónus da prova. Portanto, o argumento de que os teístas têm o
ónus da prova é bastante sólido. A questão prende-se, portanto, se os
"ateus evangélicos" têm ou não o ónus da prova.
Mencionei em cima que alguns alegam
que, visto que a hipótese "ausência de Deus" é uma hipótese nula, ela
não tem ónus da prova. Para examinarmos isto com uma analogia, tomemos
como exemplo um Europeu do século 16 a perguntar: "Será que cisnes
pretos existem?" Por milhares de anos, o peso das evidências parecia
estar do lado da afirmação de que todos os cisnes eram brancos.
Devido a isto, a afirmação "cisnes
pretos não existem" parecia ser uma proposição fundamentada nas
evidências à nossa disposição. Por essa altura parecia que o ónus da
prova estava do lado daqueles que alegavam que a frase "Cisnes pretos
não existem" era falsa visto que a não-existência de cisnes pretos era
"óbvia" pela ausência de evidências em favor da sua existência.
No entanto, em 1697, o "cygnus atratus"
- uma espécie de cisne preto que só existe na Austrália - foi pela
primeira vez visto por um Europeu. Consequentemente, desde a Era do
Iluminismo que a ciência se movimentou gradualmente em favor da
conclusão de que qualquer declaração que se queira que os outros
concordem tem o ónus da prova sobre si. Há, portanto, uma diferença
entre "X não existe" e "não temos evidências convincentes de X".
Existem muitos ateus que simplesmente
dizem "não temos evidências de que Deus existe". Considero esta uma
posição perfeitamente razoável [sic], e não creio que quem a defenda
tenha o ónus da prova. No entanto, os "ateus evangélicos" [aqueles que
querem convencer os outros de que Deus não existe] têm sobre si o ónus
da prova.
Fonte: http://bit.ly/2qQ0XBa
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A nova definição de
"ateísmo" como uma mera "ausência de crença" é precisamente uma vá
tentativa de evitar ter que oferecer algum tipo de argumento em favor
da irracionalidade que é o ateísmo. Mas o "curioso" é que as pessoas
que dizem nada mais ter que uma "ausência de crença" são essencialmente
as mesmas que afirmam dogmaticamente que "Deus não existe". Quem já
participou em grupos de discussão com ateus sabe como eles dançam entre
estes dois pensamentos, esperando que nenhum Cristão os chame a atenção.
Basicamente eles refugiam-se de
qualquer escrutínio afirmando nada mais ter que uma "ausência de
crença" ao mesmo tempo que forçam os Cristãos a ter que disponibilizar
evidências para algo que eles estão determinados a não aceitar. Eles, tal como os evolucionistas na questão criação-vs-evolução, evitam o confronto quando sentem que podem perder, mas querem avançar com o mesmo quanto têm a fé de que podem vencer.
Mas a parte boa de se ser Cristão, para
além da paz actual e a certeza da salvação, é que todos os argumentos
que os "ateus evangélicos" levantam contra a Verdade Bíblica são
auto-refutantes visto que a capacidade humana de pensar em termos
abstractos, filsóficos e morais claramente refuta a noção de que o
homem nada mais é que um amontoada de células totalmente controlado
pelas "forças naturais".
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