Estou pronto a fugir, mas não matem o mensageiro. Eis que nos chegam os resultados: as pessoas religiosas [ed: dentro do contexto ocidental, "religiosas" significa "Cristãs"] são mais simpáticas. Pelo menos é isso que nos diz Robert Putnam, professor de políticas públicas em Harvard.
Descrito pelo Sunday Times de Londres como o “o mais influente académico dos dias de hoje”, Putnam não é um crente religioso. Mais conhecido pela obra “Bowling lone”, livro que fez do “capital social” um indicador-chave duma sociedade saudável, Putnam, juntamente com o seu co-autor David Campbell (um mórmon), entrou no debate em torno da religião na esfera pública com a sua mais recente oferta, “American Grace: How Religion Unites and Divides Us”. O livro emerge logo após duas sondagens maciças e compreensivas terem sido feitas à religião e à vida pública nos Estados Unidos.
O seu achado mais controverso é o de que as pessoas religiosas são melhores cidadãos e melhores vizinhos. Putnam e Campbell escrevem que:
Na maioria das vezes, as evidências sugerem que os Americanos religiosamente envolvidos são mais civis, e em muitos aspectos, são mais “simpáticos”.
Em todas as escalas mensuráveis, os Americanos religiosos são mais generosos, mais altruístas e mais envolvidos na vida cívica do que os seus pares seculares. Eles são mais prováveis de dar sangue, dar dinheiro aos sem-abrigo, ajudar financeiramente os familiares ou os amigos, dar o seu lugar a um estranho, bem como mais prováveis de passar tempo com alguém que “se encontra um bocado embaixo“.
Putnam e a sua equipa entrevistaram 3,000 pessoas duas vezes durante dois, anos, perguntando-lhes uma vasta gama de questões em torno da vida religiosa das pessoas bem
como o seu envolvimento cívico, relacionamentos sociais, crenças políticas, situação económica e perfil demográfico.
como o seu envolvimento cívico, relacionamentos sociais, crenças políticas, situação económica e perfil demográfico.
A paisagem religiosa é muito diferente na Austrália, mas as informações que temos revelam que os resultados são iguais, Uma reportagem de 2004 feita pelo “Department of Families”, pela “Community Services and Indigenous Affairs”, e pela “Research and Philanthropy in Australia”, apurou que as pessoas que se dizem religiosas são mais susceptíveis de fazer trabalho voluntário do que as outras. Os dados do “Australian Bureau of Statistics” sugerem o mesmo, mas mesmo assim, um estudo local com as dimensões do estudo levado a cabo por Putnam seria interessante.
Putnam afirma que os religiosos não gostam de tudo o que está no seu livro, mas gostam do material. No entanto, apesar do que estou a escrever aqui, não estou a alegar que as pessoas religiosas são melhores que as não-religiosas. Muitos dos meus amigos não têm fé mas no entanto teriam melhores resultados que eu em muitas questões usadas nesta pesquisa.
Dentro das igrejas, tal como em qualquer outra área da vida, há uma mistura de pessoas boas, pessoas menos boas e, pode-se dizer, pessoas malucas. Mas esta pesquisa está em oposição frontal com as alegações feitas por autores famosos tais como Richard Dawkins e Sam Harris. Depois de lermos as suas obras, ficamos com a impressão de que a religião faz com que as pessoas abandonem imediatamente a racionalidade e se tornem extremistas introspectos. O que o livro de Putnam faz, pelo menos, é balancear a conversa.
Um nota sóbria para os crentes é que este estudo revela que o conteúdo da crença não é o que importa assim tanto mas sim o nível do seu envolvimento com a comunidade religiosa. Um ateu que vai à igreja acompanhando a esposa terá o mesmo tipo de resultados que um crente que vai à igreja.
No entanto, e segundo Putnam e Campbell, o que não pode ser negado é que há algo único dentro da comunidade religiosa que tem um impacto positivo nas pessoas. Portanto, da próxima vez que vires uma camião de mudanças a trazer uma família para uma casa perto da tua, não entres em desespero porque isso pode ser motivo para celebrar.
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